Festival celebra aniversário com mistura de estilos e gêneros e presença de nomes como Emicida, Johnny Hooker, Karina Buhr, Omulu, Liniker e os Caramelows e Hot & Oreia
 

O Rec-Beat celebra seus 25 anos de música e prepara uma festa com bastante diversidade sonora, tendências musicais, experiências estéticas e atrações que se conectam com a história do festival. Os shows acontecem entre os dias 22 e 25 de fevereiro, no Cais da Alfândega, no Carnaval do Recife, com entrada gratuita.

Entre as atrações desta edição estão o rapper Emicida, a banda Liniker e os Caramelows, a multiartista Karina Buhr, a cantora Flaira Ferro, a dupla Hot & Oreia, DJ Dolores, o músico Martins e as cantoras Josyara e Ana Frango Elétrico, todos trazendo discos inéditos ao Recife. Ainda se apresentam na programação o carioca Omulu, BAD DO BAIRRO (projeto que une a rapper Jup do Bairro e a produtora Badsista), Carfunas Fulni-ô, Black Flower (Bélgica), Guts (França), N3rdistan (Marrocos) e o alemão Daniel Haaksman que encerra a última noite do festival com uma versão especial da Festa Balbúrdia. Teremos ainda Johnny Hooker em um show repleto de hits que se conecta com suas passagens antológicas pelo festival.

Pioneiro em escalar diferentes cenas musicais e tendências sonoras no mesmo palco, o Rec-Beat reforça sua vocação de ser um espaço livre para experimentações de todo tipo, do rap ao brega, passando pela música eletrônica, frevo, rock e funk. Essa proposta do festival é potencializada pelopúblico igualmente diversificado, uma plateia de foliões interessada em viver experiências únicas em pleno Carnaval e com ouvidos e mentes abertas para diferentes estilos e sons.

Este ano o festival aparece como uma vitrine dos principais lançamentos da música pop recente do país. Emicida lança por aqui o seu novo trabalho, AmarElo, um álbum que rompe com expectativas do gênero ao propor um olhar positivo da vivência negra nas letras ao mesmo tempo em que destaca uma mistura de ritmos. Falando sobre superação, autoestima e questões sociais, ele ousa unir o rap com diferentes gêneros da música brasileira (que ele chama de “neo-samba”). O show de Emicida tem a chancela Frei Caneca FM Convida, uma parceria com a emissora recifense que é rádio oficial do festival.

A Frei Caneca FM Convida traz também o grupo paulista Liniker e os Caramelows. A banda apresenta o show do mais recente disco, Goela Abaixo, um dos mais importantes trabalhos lançados recentemente no País. O novo álbum chega inspirado pela musicalidade do Nordeste da África e também da América Central, sem, contudo, tirar os pés do Brasil. A presença de Liniker na comemoração dos 25 anos do Rec-Beat é bem especial. A cantora e compositora fez seu primeiro show em festivais no Rec-Beat 2016, meses antes de lançar o seu disco de estreia, Remonta, que a colocaria como um dos principais destaques na nova cena pop brasileira.

Quem também lança disco no festival é Karina Buhr, que retorna ao palco do Cais da Alfândega com seu trabalho mais recente, Desmanche. O show de Karina tem assinatura Revista Continente Convida, parceria com a mais importante publicação impressa de arte e cultura feita no Estado, da editora Cepe. Este quarto álbum de Karina Buhr traz letras que falam do sentimento atual de instabilidade no país e comenta sobre o desmanche político e social que vivemos. Mas o trabalho também mostra que é preciso respirar, e por isso temos a presença de uma poética que pede serenidade e humor para lidar com o mundo ao nosso redor.

A cantora e compositora recifense Flaira Ferro, outra atração deste ano, vem se destacando no cenário da música independente e autoral nordestina e faz no Rec-Beat o show oficial de lançamento do seu novo disco, Virada no Jiraya. O projeto Estesia chega ao Cais com participação do MC Draak em um show que une brega funk e trap em um espetáculo de luz e batidas feitas ao vivo.

O Rec-Beat também abre espaço para manifestações populares com a presença do projetoCafurnas Fulni-ô, que tem como proposta divulgar cantos da tribo indígena Fulni-ô. O grupo traz o álbum homônimo lançado no ano passado e todo cantado em Yaathe, língua nativa do povo. Cerca de oito mil indígenas da tribo vivem atualmente próximo ao município de Águas Belas e tem nas suas músicas e danças tradicionais sua maior riqueza.

O Rec-Beat comemora os 25 anos com a presença de artistas que fazem parte da história do festival e cujos shows ainda estão presentes no imaginário do público. É o caso de Johnny Hooker, uma das maiores estrelas pop de Pernambuco, que traz ao Cais sua mistura original de brega, rock e pop em uma apresentação de bastante emotividade. Outros velhos conhecidos também estarão presentes nesta festa: DJ Dolores chega com o seu elogiado projeto, Recife 19, um passeio pela cultura pernambucana apoiado em bases eletrônicas contemporâneas.

Um dos responsáveis pela renovação da eletrônica no Brasil, Omulu retorna ao Rec-Beat uma mistura poderosa de ritmos brasileiros com batidas pesadas. Ele já remixou e lançou parcerias que vão do experimental de Arto Lindsay ao popular de Wesley Safadão, passando por Elza Soares e BaianaSystem. Sua presença é parte da celebração de aniversário do Rec-Beat com o retorno de artistas responsáveis por shows históricos no Cais.

Falando em batidas, a programação também reúne o melhor da noite pernambucana e brasileira com o destaque para uma escalação de DJs formada apenas por mulheresLibra é uma artista visual e DJ com um set que mistura break, afrobeat e techno. Já Milena Cinismo é atriz, modela e DJ e se inspira no hip hop e afrohouse para montar suas discotecagens. Teremos ainda DJ Punny, poeta e DJ que une o universo do brega e do funk e DJ Nadejda, veterana da cena eletrônica que traz diferentes estilos e tendências em seu set.

Sabores internacionais 

Como todos os anos, o Rec-Beat aponta seu radar para as mais interessantes tendências sonoras internacionais. Este ano estarão presentes no festival nomes da Bélgica, Alemanha, França, Marrocos e Ilha da Providência. O produtor e DJ alemão Daniel Haaksman traz seu setlist  instigante de baile funk, afro house, moombathon e kuduro. Seu show encerra o festival e terá a chancela da Festa Balbúrdia, um dos mais bombados eventos da noite recifense, que faz uma participação especial no Carnaval.

Residente em Ibiza e com estrada pelas pistas mais instigadas do circuito de shows europeus, o DJ e produtor Guts, outra atração internacional deste ano, traz um show que mistura batidas experimentais com influências tropicais, afrobeat, trance, jazz e funk brasileiro. Os belgas do Black Flowerapresentam um jazz híbrido baseado em ritmos africanos, melodias etio-orientais e dub psicodélico.

Guiado pelas energias do Oriente Médio, o duo marroquino N3rdistan (formado pelo produtor e compositor Walead Ben Selim e a cantora Widad Broco) traz uma música eletrônica com influências da música árabe tradicional, poesia arábica, toques africanos unidos aos gênero conhecidos como rock, trip hop e electro.

Por fim, o músico e compositor nascido em Ilha de Providência, Elkin Robinson leva os sabores do Caribe colombiano para os palcos com uma música que mistura calypso e zouke com instrumentos como guitarra acústica típicos como tináfono em letras cantadas em criolo.

A nova música BR

Nesta edição de 25 anos, o Rec-Beat segue olhando adiante e apresenta artistas que estão propondo inovações estéticas e discutindo temas bastante atuais. É o caso de Hot & Oreia, dupla mineira que faz um rap cheio de sátira, humor, crítica social e muito estilo. Revelação do gênero no cenário nacional, o duo aborda questões sensíveis e urgentes da sociedade atual, como violência, exclusão social e preconceito de classe. Na sonoridade, a dupla inova no rap ao introduzir linguagens e estéticas que fogem ao tradicional padrão do estilo.

BAD DO BAIRRO é o projeto que une duas das principais artistas do underground, Badsista e Jup do Bairro. Badsista é uma das principais produtoras do país e trabalhou como diretora do disco Pajubá, de Linn da Quebrada. A rapper Jup do Bairro traz em sua voz grave as vivências que colocam em pauta narrativas que atravessam seu corpo de travesti, preta, gorda e periférica. Jup é apresentadora do programa de TV “TransMissão” e lançou em 2019 o EP Corpo Sem Juízo.

Na mesma pegada temos Nina Oliveira, uma das vozes mais fortes da nova geração de compositores e intérpretes no cenário nacional e que traz em sua música questões de vivência da mulher negra e periférica. De Recife temos a revelação do brega funk, Rayssa Dias, artista que vai do romântico ao batidão em letras com muita consciência de classe e pautas importantes como lgbtfobia e racismo.

E temos ainda a cantora, compositora e violonista baiana Josyara traz pela primeira vez a Pernambuco o show do seu segundo disco, Mansa Fúria. O disco é uma reconexão da artista com suas raízes do sertão baiano e explora o imaginário da região na sonoridade e nas letras.